Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
LUCÍLIA D'ALINCOURT FONSECA
LUCÍLIA D'ALINCOURT FONSECA
Nos concorridos recitais da pianista Maria Alice Saraiva, “a mais fiel intérprete” de Ernesto Nazareth, eu sempre encontrava pessoas que tiveram algum tipo de contato pessoal com o compositor, sendo Dona Lucília D’Alincourt Fonseca uma dessas.
Quando conheci Nazareth eu era criança. Deve ter sido por volta de 1920 ou 1921. Antes disso, nós morávamos no número 42 da rua da Igrejinha (depois Rua Francisco Otaviano), entre os bairros de Copacabana e Ipanema. Então, nesta época, mudamos para a Rua Vinte de Novembro (depois Rua Visconde de Pirajá). Nós nos dávamos com a família Alvim (Dr. Álvaro Alvim), mas o contato deu-se pelo fato da casa de Nazareth ficar uma ou duas casas depois da nossa, na direção de Copacabana para dentro, para o Leblon. Minha mãe foi pianista, medalha de ouro pelo Instituto. O nome dela era Alice Hermes de Vasconcellos, neta de Hermes Ernesto da Fonseca e sobrinha de Hermes da Fonseca. Meu pai chamava-se Affonso Deodoro D'Alincourt Fonseca, filho do médico e antigo senador João Severiano da Fonseca, e sobrinho de Deodoro da Fonseca, irmão de meu avô João Severiano.
Mamãe possuía um piano de meia cauda, francês, Pleyel, e na certa o Ernesto Nazareth deveria saber disso, deveria tê-la ouvido tocar ao passar em frente à nossa casa.
Uma vez, eu estava com uns amiguinhos a brincar na rua e vi quando ele saiu da casa dele com um canudinho na mão. Ele sempre que me via me punha no colo e me beijava. Ele estava sempre alegre. E, naquele dia, ele se aproximou de mim com o canudinho e disse:
“ - Essa música é pra você!...”
Era uma polca ou um tango, não me lembro, enrolado com uma fitinha. Fiquei muito feliz e fui correndo levar para minha mãe tocar. Da capa eu me recordo, tinha um desenho de três ninfas tocando instrumentos de cordas para um casal dançar. Era a capa usada nas edições de músicas da Casa Arthur Napoleão...
Lucília D’Alincourt Fonseca
(D’) ALINCOURT FONSECA, Lucília. Entrevista concedida ao autor. RJ, 7 de julho de 1986;