Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
CRISES EM PENCA!... (1929)
CRISES EM PENCA!... (1929)
Por sua vez, o “samba brasileiro carnavalesco para 1930” intitulado Crises em penca!..., também apresentou-nos duas letras de Toneser.
CRISES EM PENCA!... - 1ª LETRA
I Parte
Prá do povo ser dirigente
É preciso agir d’outra forma
O Zé Povo já fatigado
E de tudo só quer a reforma
Um governo que pense no povo
Que o anime sempre a trabalhar
Que o incite p’ro culto das letras
Para nossa Nação levantar
II Parte
A crise do café
Tem dado o que fallar,
O certo sempre é
O Zé Povo marchar
Não pode o Povo assim
Tanta fome passar
Toda a vida e sem fim...
E as crises pagar.
COLEÇÃO LUIZ ANTONIO DE ALMEIDA. Rio de Janeiro;
CRISES EM PENCA!... - 2ª LETRA
I Parte
Nestes dias de Carnaval
Manda o povo bem longe as tristezas
Pois se a vida for sempre igual
Não dá gosto nem mostra as bellezas
Vá no duro o Zé Povo o anno todo
Sob as crises cansado, gemendo
Que no fim são três dias de engodo
Para inda mais ficar devendo
II Parte
A crise do café
Tem dado o que fallar
O certo sempre é
O Zé Povo marchar
E vive o povo assim
Até fome a passar
Toda a vida e sem fim
Para as crises pagar
I Parte
Neste tempo em que arranha-céus
Vão em montes na cidade erguendo,
Vai o povo sempre em boléus
Sem um tecto, ao ar livre vivendo
O que alenta é a esperança
Que no povo é sempre imortal
Illusão de allegria e bonança
Dos três dias de Carnaval.
COLEÇÃO LUIZ ANTONIO DE ALMEIDA. Rio de Janeiro;