Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
PREPARATIVOS PARA UMA NOVA TURNÊ (1931)
PREPARATIVOS PARA UMA NOVA TURNÊ (1931)
Com o agravamento de sua surdez, Nazareth já não tocava mais em lugares públicos como antes. E mesmo afastado, o músico jamais fôra, de todo, esquecido; principalmente por seus fiéis apreciadores, que sempre “inventavam” alguma festividade para que ele comparecesse e, assim, tocasse suas célebres composições. Tudo, porém, em caráter informal.
Inclusive, certos admiradores gaúchos, radicados no Rio de Janeiro e pertencentes à Sociedade Sul-Riograndense, entre os quais o jornalista e escritor Álvaro Moreyra (1888/1964), conseguiram convencê-lo a fazer uma turnê pelo Rio Grande do Sul, marcada para janeiro, do ano seguinte. As cidades escolhidas foram: Porto Alegre, Rosário (atual Rosário do Sul) e Livramento (atual Santana do Livramento). Desta última, partiria o compositor para Montevidéo, Capital do Uruguai.
Conta-se, ainda, que Maria Mercêdes, gaúcha, fez parte dos que mais incentivaram o pianista a viajar para o Sul. Queria muito que seus familiares conhecessem pessoalmente Eulina e Ernesto.
Um raio de esperança sentiu, então. Mas, e aquela surdez? Não era tanto pelo que ela representava de psicológico na vertigem do seu mundo interior, era, precisamente, pelo mal que lhe causava nas relações com a vida social! Aquele jeito de tocar piano, inclinado para um lado, procurando, atentamente, ouvir qualquer coisa, numa preocupação aflita, não somente prejudicava (ultimamente) o executor, senão, também, ao ouvinte requintado.
Baptista Siqueira
SIQUEIRA, (João) Baptista. Ernesto Nazareth na Música Brasileira; ensaio histórico-científico. Gráfica Editora Aurora Ltda. Rio de Janeiro, 1967;