Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
UM SONETO DE CATULLO (1909)
UM SONETO DE CATULLO (1909)
Em livro de Catullo da Paixão Cearense, intitulado “Novos Cantares”, achamos alguns poemas dedicados a personalidades do meio artístico-cultural carioca, dos quais destacamos: “Última prece”, à José Tibúrcio Gonçalves Camaz; “Ausente”, à Jacintho Cáceres (Teixeira e Silva); “Minha dor entre flores”, aos professores Carlos Tyll e Luiz Kantz, do Instituto Nacional de Música; “Vem ver e chorar por ti...”, ao violonista Sátyro Bilhar; “Queixumes”, à pianista Joanna Leal de Barros, e, abaixo, o soneto oferecido ao nosso compositor:
A ERNESTO NAZARETH
Era um pomar saudoso e transparente,
A hora, a da saudade! Anoitecia...
Mas noite ainda não era... inda era dia,
nesse templo de aromas, recendente.
Da nossa natureza florescente
uma página verde ali se via!...
E eu lembrei-me de ti, dessa poesia
que escreves no teclado confidente,
Dos encontros ouvindo desafios,
os ais das juritis, meigos, sombrios,
a doce patativa alvissareira,
E o meigo sabiá todo enlevado,
cantando o Sertanejo Enamorado
nas franças proeminentes da mangueira.
CEARENSE, Catullo da Paixão. Novos Cantares. Livraria Quaresma & C. Editores. Rio de Janeiro, 1909;