Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
A PRIMEIRA FUGA (1932)
A PRIMEIRA FUGA (1932)
Um dia eu falei com o Almeida (administrador da Colônia), no telefone, para arranjar um cara para ficar lá, para eu sair um pouco. Fazia quase vinte dias que eu não saía... E o Almeida me disse: “ - Vou mandar para aí o José Gomes da Costa. Ele fica aí uns dias e você vem...” Quando chegou o sujeito, o Nazareth disse:
“ - Você é o meu novo delegado? Eu prefiro o outro!...”
Mas o cara foi, ficou um dia, levantou e se mandou... Por intermédio mesmo do Almeida, a Dona Eulina arranjou um sargento do exército. Esse sargento ia ficar uma semana, mais ou menos, para eu ficar fora. Então, no segundo dia que o sargento estava lá, Nazareth passou ele para trás. Levantou da cama, saiu pelo corredor da casa, o sargento foi atrás, entrou no banheiro, era porta de trinco, porta grossa, e quando Nazareth abriu disse para ele:
“ - Entra aqui, tem uma raposa [!] alí atrás...”
E o sargento entrou. E o Nazareth bateu o trinco da porta, deixou ele preso. Saiu, pegou um táxi e andou a tarde inteira de táxi no Rio de Janeiro. O motorista, que cansou de andar com ele prá baixo e prá cima, levou-o para casa de volta. Mas ele não queria nem descer do carro e o motorista teve que tirá-lo valendo-se de sua autoridade.
Bento d’Ávila
ÁVILA, Bento Manuel Moreira de. Entrevista concedida ao autor. RJ, 1979;