Ernesto Nazareth - Vida e Obra - por Luiz Antonio de Almeida
PAULO DE TARSO LEAL
PAULO DE TARSO LEAL
Terceiro e último filho do casal Luiz Francisco e Cecília, portanto neto de “Joanninha”, Paulo de Tarso Leal, então menino de onze anos, nos escreveu suas recordações de uma temporada passada com os Nazareth, em Ipanema.
Levado para Ipanema, lá fiquei uns dias, não sei se para lições com Eulina, (...) professora, (...) ou se para uns banhos de mar com Diniz, outro filho de tio (tio-avô) Ernesto, que trabalhava nos Correios. Casa isolada na Vieira Souto. Branca, com torreão do lado esquerdo. Na entrada, a sala de visitas, com o piano onde tio Ernesto passava o dia tocando, compondo... Parava, repetia, apanhava um lápis e retocava a partitura. Vinha a hora do almoço, vovô Vasco na cabeceira, já vestido para o trabalho na alfândega e ao seu lado vovó “Joaninha”. Eulina também já pronta para o seu trabalho no Ensino e Diniz para ir para os Correios; mais as irmãs de vovó: “Sanicota”, “Dorica” e “Mimi”. Chamavam, então, tio Ernesto e ele dizia:
“ - Já vou!...”
E continuava com as suas músicas no piano... Lembro-me bem das recomendações do Diniz, quando me levava ao banho de mar e mandando-me segurar bem forte na sua mão (e em certo momento) deu um passo e sumiu num perau. Saiu e disse: “ - Esse mar é muito perigoso!...” E acabou o meu banho de mar...
Paulo de Tarso Leal
LEAL, Paulo de Tarso. Depoimento por escrito feito especialmente para o autor. RJ, 12 de agosto de 1992;
Segundo informou Dona Mariana a Wanda Stylita , Ernesto Nazareth “tão pobre que era, não tinha dinheiro nem para alugar um piano.” Mas, de acordo com Paulo de Tarso, o artista realmente possuía um piano em casa, à sala de visitas, no qual “passava o dia tocando, compondo... Parava, repetia, apanhava um lápis e retocava a partitura.”
CARDOSO, Wanda Stylita. Laura Alvim, anjo barroco. Editora Rosa dos Tempos. Rio de Janeiro, 1997;